Esse movimento teve impacto nas demais estatísticas criminais de delegacias próximas, responsáveis por outros bairros além do Jardim Ângela. No 100º Distrito Policial, de janeiro a julho deste ano, em comparação com o mesmo período de 2002, o índice de roubos, em geral, despencou em 52%; o de roubos de veículos caiu em 70%.
O Jardim Ângela foge do discurso fácil e das soluções simplistas: mostra que a combinação de repressão com prevenção, a partir da articulação local, funciona. É o que se vê em Bogotá, onde a taxa de homicídios desabou, em poucos anos, em 75%, redução semelhante à de Nova York.
Depois que o Jardim Ângela foi considerado a região mais violenta do planeta, iniciou-se ali, em 1996, uma mobilização liderada pelo padre irlandês Jayme Crowne. Surgiu o Fórum de Defesa da Vida, que hoje aglutina 200 entidades. Dessa pressão, foram criadas ali cinco bases de policiamento comunitário. Como os policiais tinham de conviver com a população, ganharam confiança e receberam informações sobre quem eram e onde estavam os criminosos.
Conseguiu-se, nesse processo, combinar Polícia Militar, Polícia Civil e Guarda Municipal. Paralelamente à rede de proteção policial montou-se uma rede de proteção social, sempre envolvendo a teia de parcerias. Para trabalhar com ex-internos da Febem, agora em liberdade assistida, associaram-se prefeitura, Abrinq e Telefônica. Na sexta passada, aliás, cerca de mil funcionários da Telefônica foram ao Jardim Ângela para um mutirão de reformas de espaços coletivos.
Graças a esse tipo de mobilização, recuperaram-se praças, clubes e escolas. Ofereceram-se programas de esporte, atividades de complementação escolar, tratamento contra o abuso de drogas e álcool. Com um acordo envolvendo o Ministério Público, acertou-se a redução do horário de fechamento dos bares. A prefeitura ofereceu abrigos para crianças e proteção às famílias em situação de risco, além de um núcleo para combater a violência doméstica, CASA SOFIA.
Depois que o Jardim Ângela foi considerado a região mais violenta do planeta, iniciou-se ali, em 1996, uma mobilização liderada pelo padre irlandês Jayme Crowne. Surgiu o Fórum de Defesa da Vida, que hoje aglutina 200 entidades. Dessa pressão, foram criadas ali cinco bases de policiamento comunitário. Como os policiais tinham de conviver com a população, ganharam confiança e receberam informações sobre quem eram e onde estavam os criminosos.
Conseguiu-se, nesse processo, combinar Polícia Militar, Polícia Civil e Guarda Municipal. Paralelamente à rede de proteção policial montou-se uma rede de proteção social, sempre envolvendo a teia de parcerias. Para trabalhar com ex-internos da Febem, agora em liberdade assistida, associaram-se prefeitura, Abrinq e Telefônica. Na sexta passada, aliás, cerca de mil funcionários da Telefônica foram ao Jardim Ângela para um mutirão de reformas de espaços coletivos.
Graças a esse tipo de mobilização, recuperaram-se praças, clubes e escolas. Ofereceram-se programas de esporte, atividades de complementação escolar, tratamento contra o abuso de drogas e álcool. Com um acordo envolvendo o Ministério Público, acertou-se a redução do horário de fechamento dos bares. A prefeitura ofereceu abrigos para crianças e proteção às famílias em situação de risco, além de um núcleo para combater a violência doméstica, CASA SOFIA.
Em 2005 foi criada a Casa do Adolescente, para tentar evitar a gravidez precoce.
Acrescentem-se aí as dezenas de milhares de bolsas de renda compostas por recursos municipais, estaduais e federais -por serem integradas, o valor das bolsas aumentou.
Nem de longe o Jardim Ângela virou um paraíso, muito pelo contrário. Está distante, muito distante, de ser o campeão mundial da violência, mas ainda continua bem acima da média brasileira da criminalidade. Jayme Crowne está preocupado, especialmente, com o número de jovens sem perspectivas educacionais ou profissionais. "Esse é o ovo da serpente", diz São no Brasil 7 milhões de jovens, entre 14 e 25 anos, que nem estudam nem trabalham. Isso mostra que temos duas bombas que se juntam -a dos jovens e a das metrópoles.
Mas o que eles estão construindo, em essência, é um software de gestão para áreas conflagradas, por englobar do policiamento à gravidez precoce, passando pelo tratamento de viciados e pela educação em tempo integral.
Acrescentem-se aí as dezenas de milhares de bolsas de renda compostas por recursos municipais, estaduais e federais -por serem integradas, o valor das bolsas aumentou.
Nem de longe o Jardim Ângela virou um paraíso, muito pelo contrário. Está distante, muito distante, de ser o campeão mundial da violência, mas ainda continua bem acima da média brasileira da criminalidade. Jayme Crowne está preocupado, especialmente, com o número de jovens sem perspectivas educacionais ou profissionais. "Esse é o ovo da serpente", diz São no Brasil 7 milhões de jovens, entre 14 e 25 anos, que nem estudam nem trabalham. Isso mostra que temos duas bombas que se juntam -a dos jovens e a das metrópoles.
Mas o que eles estão construindo, em essência, é um software de gestão para áreas conflagradas, por englobar do policiamento à gravidez precoce, passando pelo tratamento de viciados e pela educação em tempo integral.
A saída social brasileira reside em larga medida na habilidade de as comunidades se organizarem, mobilizarem seus indivíduos e aumentarem a eficiência dos recursos públicos.
Contra o crime organizado, o que funciona é a sociedade organizada.
P.S. - Veja no site (www.dimenstein.com.br) um dossiê sobre o Jardim Ângela.
Texto de Gilberto Dimenstein na Folha de São Paulo 20/08/2006, publicado também em AMOR, ORDEM E PROGRESSO
Contra o crime organizado, o que funciona é a sociedade organizada.
P.S. - Veja no site (www.dimenstein.com.br) um dossiê sobre o Jardim Ângela.
Texto de Gilberto Dimenstein na Folha de São Paulo 20/08/2006, publicado também em AMOR, ORDEM E PROGRESSO
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