sábado, 29 de agosto de 2009
Presunção de inocência: não aplicação às normas sobre inelegibilidades
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
Petição On-line, pelo afastamento do senador José Sarney
Clique aqui para assinar a petição
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
A única oposição
Tenho lido e ouvido muitos argumentos sobre a corrupção e desfaçatez da política brasileira que podem cair na mesma paralisia que condenam. É verdade que ver a absolvição de Sarney por seus colegas, s
O argumento mais comum, baseado nas evidências mais plausíveis, diz que todos os políticos são corruptos e, portanto, não faz diferença quem esteja lá. Em contraposição, há a frase do grande Eça de Queirós que tem circulado pelos emails: “Os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente, e pela mesma razão.” Se essa frequência será de quatro, cinco ou seis anos, e se com uma, nenhuma ou duas chances de reeleição, cada país fará seus testes. Só não tem sentido ficar mais que meia dúzia de anos sem abrir opção real de mudança – a qual certamente não é a do plebiscito periódico que certos autoritários latino-americanos oferecem em sistema quase monopartidário. A premissa da democracia não pode ir parar na mesma vala comum da rejeição.
Outro argumento vulgar é o de que “corrupção existe em todo lugar”, inclusive nos países mais ricos como EUA e Japão. Há um desdobramento um pouco mais sofisticado que chamo de argumento “italiano”: como na terra de Berlusconi, cujo problema não são os bacanais domésticos e sim a sacanagem que faz com as leis e os adversários, no Brasil poderíamos ter uma economia desenvolvida mesmo que a máquina pública seja instável, corroída, obscura. Bem, primeiro é preciso lembrar: o que não existe em outros lugares mais desenvolvidos é essa impunidade, essa tolerância à corrupção, essa cultura contaminada em todas as classes e regiões pela formação paternalista ou antiliberal. Aqui a corrupção não procura brechas: ela dá liga a todo o sistema. Segundo, apenas a ignorância ou a má-fé podem pôr de lado a história antiga e conflituosa da sociedade italiana – onde a cultura de mercado brotou, como mostraram autores como Tocqueville e Trevor-Roper – e seus avanços institucionais.
Há um terceiro argumento, também razoável sob vários ângulos, que deriva dos dois anteriores. Diz que a sociedade brasileira não pode apontar o dedo para seus representantes porque a maioria de sua população também é dada à contravenção, muitas vezes chamada de “jeitinho” (os diminutivos eram indispensáveis nos costumes da casa grande) – desde a propina na porta do estádio de futebol até a sonegação assumida de empresários e latifundiários, desde a “caixinha” para o guarda ou fiscal até a mancomunagem na hora da licitação. Acontece que, mais uma vez, apontar o dedo para seus representantes é uma prerrogativa da sociedade democrática, por mais desigual que seja essa sociedade e por mais imatura que seja sua democracia. Afinal, eles são pagos por nós. E há muitas, muitas pessoas e empresas que são mais corretas e comprometidas do que a politicalha.
Não estou falando apenas que as autoridades, sendo líderes (em tese), são obrigadas a dar o exemplo, como Creonte. Exigir moralidade não é udenismo ou pequeno-burguesismo, ou não deveria ser. É uma parte fundamental daquilo que define uma democracia republicana: a possibilidade de controlar o poder, de monitorá-lo e limitá-lo, por meio de imprensa livre, direitos de cidadania, associações e instituições independentes, e não só de escolhas eleitorais (tanto é que na maioria dos países o voto não é obrigatório). O estado precário dessa rede de vigilância se vê no debate nacional, dividido entre os ufanistas do “país do futuro” e os narcisistas do “isto não tem jeito”, muitas vezes encarnados na mesma pessoa; e sobretudo na incapacidade de pressionar a sério a classe política. Pesquisa do Datafolha, realizada mais de dois meses depois das primeiras denúncias, mostrou que 74% querem que Sarney deixe o cargo; alguns protestos surgiram em ruas e internet; a OAB entrou com representação. Mas Sarney continua. Faltou alguém de dentro gritar “Sai daí, Zé”?
Outro sinal dessa precariedade está na reação à mera menção da palavra “reforma”, especialmente a política. Sempre se invoca a ideia quando a crise está aguda, mas aí vem muita gente – inclusive os que se dizem social-democratas, conceito que implica necessariamen
Com isso, e fazendo valer as regras já existentes como a proibição ao nepotismo e a fidelidade partidária, se começaria a desmontar uma estrutura arcaica. Precisamos reduzir o poder dos Sarneys e não de pessoas como Gabeira, que cometeu erros e deve pagar por eles, mas que não é um Sarney. É claro que eu, por minhas inclinações pessoais, gostaria de ir mais longe e mudar o sistema partidário, quiçá reduzindo a três legendas (para não ficar no binarismo anglo-saxão); corrigir a proporção representativa (se o Senado serve para o equilíbrio federativo, por que a Câmara privilegia tanto os estados menos desenvolvidos?); adotar o voto facultativo, cancelando também a propaganda partidária gratuita fora de período eleitoral. Mas é preciso trabalhar no terreno do possível. Ou a lama nos enterra.
Texto de Daniel Pizza em O Estado de São Paulo de 24/08/09
Voto Nulo, Vote zero! Vote zero?
Que pode fazer "o povo" se os que se intitulam seus representantes usurpam a soberania popular em nome de interesses próprios?
NAS ELEIÇÕES de 2002 e 2006, votos brancos e nulos para senador somaram, em cada uma, quase 20% do total. Que aconteceria se mais da metade do eleitorado votasse em branco e/ou anulasse seus votos?Muita gente que propõe anulação de votos pela maioria supõe que tal repúdio forçaria a anulação das eleições. Engano. Nem mesmo anulação voluntária de, digamos, 99% dos votos registrados determinaria nulidade duma eleição.
Presidente da República se elege, por exemplo, por maioria absoluta de votos válidos, qualificação que exclui do cômputo os brancos e nulos; é como se estes não existissem. Hipoteticamente, portanto, ainda que o resto do eleitorado anulasse seus votos, bastariam para eleger presidente os votos de familiares dum candidato (contanto que sua parentalha fosse mais numerosa que a do conjunto de seus possíveis concorrentes).
Tampouco procede o fantasioso consolo de saber quantos votos em "zero" exprimiriam rejeição explícita de todos os candidatos. Diz o artigo 164 do Código Eleitoral: "É vedada às Juntas Eleitorais a divulgação, por qualquer meio, de expressões, frases ou desenhos estranhos ao pleito, apostos ou contidos nas cédulas". Por isonomia, a proibição se estende ao registro digital de votos.
Já foi pior: até 1997, os votos brancos eram computados em favor dos mais votados, resultando em aberrantes distorções da preferência do eleitor.
O mal redigido artigo 224 do código tem alimentado a falsa esperança de o povo impugnar eleição mediante anulação da maioria dos votos: "Se a nulidade atingir a mais de metade dos votos do país nas eleições presidenciais, do Estado nas eleições federais e estaduais ou do município nas eleições municipais, julgar-se-ão prejudicadas as demais votações e o tribunal marcará dia para nova eleição dentro do prazo de 20 (vinte) a 40 (quarenta) dias".
A tal "nulidade", porém, adviria apenas de irregularidades como violação de urnas ou do sigilo do voto, descumprimento de horário ou local da votação, impedimento de partidos supervisioná-la etc. Em suma, juízes podem anular eleição; eleitores, não.
E ainda que pudessem, para quê? A tal "nova eleição" não admitiria candidaturas diferentes das registradas no pleito anulado.
"Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos (...)", diz a Constituição. Mas que pode fazer "o povo" quando os que se intitulam seus representantes usurpam a soberania popular para representar, sim, apenas interesses próprios e os de grupos que os subornam pela via perversa do lobby? Por meios legais, nada.
Como você talvez já tenha lido neste espaço, não faz sentido aspirar à vitória se as regras do jogo forem dadas pelo adversário.
A perversão eleitoral vem de longe.
Em 1977, sondagens da opinião pública indicavam que o Movimento Democrático Brasileiro (MDB, da oposição) superaria a Aliança Renovadora Nacional (Arena, partido de sustentação política do regime militar) nas eleições parlamentares de 1978.
Por caber ao Congresso eleger o presidente da República por sufrágio indireto, maioria parlamentar oposicionista significaria derrota certa do general João Baptista Figueiredo, candidato oficial incumbido de cobrir a retirada "gradual e segura" do estamento militar que exercia o poder.
Alarmado, o presidente Ernesto Geisel baixou o "Pacote de Abril", conjunto de emendas constitucionais para estabelecer que nenhum Estado seria representado na Câmara dos Deputados por mais de 55 parlamentares nem por menos de seis. No Senado, o número de representantes de cada Estado passava de dois para três, com o terceiro (o "senador biônico") virtualmente nomeado pelo governo. Com tais medidas, estados do Norte e do Nordeste, menos populosos e mais dóceis, ganharam representação parlamentar desproporcional. Embora recebesse mais votos na eleição seguinte, o MDB não obteve maioria no Congresso, que então elegeu o general Figueiredo.
Mais tarde, abolida a figura do biônico, voltamos então a ter dois senadores? Não. (Conveio à classe política salvar algo do "entulho autoritário" para proveito próprio.) E o número de deputados de cada bancada corresponde às respectivas populações estaduais? Não. (Barões do Norte e Nordeste alugam seus feudos eleitorais a quem paga mais, que é sempre o governo federal.) Vote zero? Protesto fútil.
Mas, se exercido pela maioria, não privaria de legitimidade o triunfo dos usurpadores?
Texto de Aldo Pereira na Folha de São Paulo de 24/08/09
domingo, 23 de agosto de 2009
Casal roda 23 Estados para atender doentes
Médicos largaram tudo em São Paulo e compraram jipe para socorrer população nas cidades mais miseráveis do país
Danielle, 34, e Carlos, 39, encontraram jovens que nunca tinham visto um médico e homens que ignoravam cura de doenças
O médico e a médica buscaram no site das Nações Unidas a lista das cidades mais miseráveis do Brasil. Num mapa, marcaram as piores de cada Estado e traçaram a rota. Compraram um jipe, largaram tudo em São Paulo -trabalho, casa, família e amigos- e caíram na estrada.
Com um plano que muitos viram como louco e perigoso, o casal Danielle Bertolini, 34, e Carlos Maknavicius, 39, cruzou 23 Estados -mais de 100 mil km- cuidando, gratuitamente, de brasileiros doentes que vivem nos rincões do país. A expedição começou em agosto de 2007 e foi até abril deste ano.
"Estávamos estabilizados profissionalmente, mas sentíamos falta daquela medicina que havíamos idealizado quando decidimos ser médicos. Não fazíamos medicina humana, não cuidávamos de quem realmente precisava", explica Danielle.
Carlos e Danielle se conheceram em 2006, fazendo plantão num hospital público da capital paulista. No ano seguinte, venderam o apartamento em que viviam para comprar o jipe, criaram a ONG Médicos da Terra e obtiveram o patrocínio de duas empresas. Telefonaram para as prefeituras avisando a data em que chegariam.
Em cada localidade, agentes de saúde os levavam às famílias carentes da zona rural. Diversas vezes o jipe perdeu peças em estradas esburacadas e atolou em trilhas enlameadas. No sertão nordestino, usaram cavalos para chegar aos pacientes. Na Amazônia, lanchas.
O casal atendeu a jovens que nunca haviam visto um médico na vida, a homens que se consideravam inválidos por ignorar que suas doenças tinham cura, a mulheres que haviam acabado de perder seus bebês e a crianças com vermes e piolhos.
"O nosso susto foi ver que 95% das pessoas na zona rural têm esgoto a céu aberto, evacuam atrás de casa e tomam a mesma água onde lavam a roupa e que os animais bebem, não lavam as mãos nem os alimentos. Tivemos de ensinar coisas bem básicas", lembra Danielle.
As prefeituras normalmente forneciam remédios. Eles às vezes dormiam em hotéis sujos na beira da estrada, às vezes em casas de família. Entre uma cidade e outra, armavam uma barraca de camping.
Nos momentos em que não trabalhavam, Carlos e Danielle foram turistas. Conheceram as pinturas rupestres de Minas, a Caetés natal do presidente Lula, os Lençóis Maranhenses, os búfalos da ilha de Marajó e os botos cor-de-rosa de Manaus.
Por outro lado, enfrentaram prefeito que não os aceitou no município, rios sem pontes, um índio armado que quis atacá-los, uma tentativa de roubo do jipe e Conselhos Regionais de Medicina que não lhes deram a permissão temporária para exercer a medicina naquele Estado -nesses casos, para evitar processos, só deram palestras.
O pior revés foi uma doença rara que acometeu Carlos. Uma infecção alimentar levou seu organismo a desenvolver uma doença autoimune. Ele teve inflamações no corpo e quase ficou cego. A viagem sofreu duas interrupções para que ele fosse levado de avião a São Paulo. Isso os obrigou a tirar Roraima, Amapá e Acre do trajeto.
Carlos e Danielle agora vivem em Fernandópolis, a cidade paulista onde ela foi criada, fizeram um diário da viagem (medicosdaterra.com.br) e pretendem escrever um livro.
Danielle se lembra da maionese caseira do sanduíche que comeu em Varre-Sai (RJ). Carlos, dos cafezinhos feitos na hora pelas famílias que os recebiam. "Estamos coçando os pés para viajar de novo", diz ele.
"Vimos coisas tristes, conhecemos um Brasil que não aparece em livro nem em reportagem. E ao mesmo tempo vivemos coisas muito boas, conseguimos ajudar. Mas nossa missão ainda não está cumprida."
Texto de Ricardo Westin na Folha de São Paulo de 22/08/09
Se você estiver com dor de dente
sábado, 22 de agosto de 2009
Todos "se lixam" para os políticos
Quer entender por que não acontece nada com congressistas envolvidos em escândalos, por mais que haja contundentes evidências de que violam o decoro dia sim e o outro também?
É só prestar atenção aos números da pesquisa Datafolha, em que 74% dizem querer o afastamento de Sarney. É ilusório.
Detalhemos o resultado: apenas 78% tomaram conhecimento das denúncias. Apenas?, perguntará você. Sim, apenas. Neste caso, não se trata de campanha da mídia impressa, ao contrário do que pretende o clã Sarney, que até buscou -e conseguiu- obter a censura de um jornal, o "Estadão", o que necessariamente se estendeu aos demais meios de comunicação.
As denúncias estão em toda a parte, inclusive nos meios realmente de massa (TV e rádios).
Que quase um quarto do eleitorado não tenha tomado conhecimento delas diz tudo a respeito da cidadania no Brasil. Mas há detalhes ainda mais deprimentes: dos 78% que, sim, tomaram conhecimento das denúncias, só 24% se dizem bem informados.
Tem-se, pois, que pouco menos de 19% do eleitorado (24% de 78%) está em condições de indignar-se, porque, para isso, é preciso estar antenado, certo?
Inverte-se aqui a frase daquele deputado que dizia "lixar-se para a opinião pública". A tal de opinião pública é que se lixa para as denúncias, possivelmente porque prevalece a ideia de que todo político é ladrão. Uma acusação a mais ou a menos contra um político a mais ou a menos não faz, portanto, a mais remota diferença.
Ah, os que se dizem petistas desmentem o argumento calhorda de que há uma perseguição a Sarney para atingir Lula. São eles, com 73%, os vice-campeões em cravar "sim, Sarney está envolvido", acima da média (66%) e atrás apenas dos tucanos. Aceitam, pois, que a "perseguição" é dos fatos.
Texto de Clóvis Rossi na Folha de São Paulo de 21/08/09
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
Ação por um mundo melhor
É a consciência, seguida da ação organizada, a única via para se conquistar a paz e o respeito aos nossos direitos e a democracia que tanto queremos.
De Josefina Bacariça, Diretora-Presidente da Comissão Justiça e Paz de São Paulo
O momento é grande efervescência. Nele, revelam-se avanços na consciência e na ação. Clamores já não podem ser compreendidos como simples lamúrias. Lágrimas, embora dolorosas, não podem ser sentidas com passividade e conformidade.
A indignação, fartamente adubada pelas derrotas e frustrações, é passo decisivo que nos leva a buscar caminhos solidários e à organização para a participação, sem o que não pavimentaremos a estrada da sociedade democrática que sonhamos.
A educação de todos, compreendida como processo de aprendizagem, é fundamental para conhecermos as leis que nos protegem, a demonstrar nossos direitos e deveres. Todas as pessoas, sem exceção, ao conhecerem seus direitos e deveres verão nelas crescer a maturidade para a garantia de uma vida digna e respeitada.
É preciso defender o direito a viver com segurança, com saúde, com educação de qualidade, com habitação e com trabalho digno. Todos os crimes de sonegação de impostos, contrabando, tráfico de drogas, lucro abusivo, corrupção e outros são crimes contra os nossos direitos e para que sejam punidos com o rigor da lei, mas uma vez é preciso que os cidadãos estejam dispostos, por meio do conhecimento e da ação organizada, a exigir que o Direito seja respeitado.
Portanto, é a consciência, seguida da ação organizada, a única via para se conquistar a paz e o respeito aos nossos direitos e a democracia que tanto queremos.
Cada cidadão, por mais simples que seja, tem condições para conhecer seus direitos e deveres. E, ao conhecê-los dará o segundo passo necessário, que é o de partir para a ação organizada.
Muitos já estiveram, até a morte, engajados nesta luta e muitos, como nós, continuamos nela. É preciso fortalecer esse movimento que une todos e que sonham e sabem ser possível um mundo de abundância, de alegria, de saúde e de esperança. A nação será o que o povo desejar.
Muito está por ser feito e nada é perfeito. Não devemos ter a ilusão de encontrar tudo pronto e bem feito à nossa espera. Vamos encontrar tantos erros e injustiças, que podemos até fraquejar em um certo momento, mas não podemos e nem devemos desistir. Alguém muito inspirado já que disse que o caminho se faz ao caminhar.
Nossa história é resultado de persistência, de vontade guiada pelo sonho de felicidade que todos temos. Devemos construir no dia-a-dia a sociedade que sonhamos, porque, em última instância, somos os únicos instrumentos capazes de influenciar, de alguma forma, os destinos próprios e dos que nos cercam, de nossa família, de nossa cidade, de nosso Estado, de nossa Nação e dos da própria humanidade.
A nossa bandeira deve ser um sonho de esperança de um outro Brasil possível e diferente, não mais pela opulência de uns poucos e a miséria gritante das maiorias. Um Brasil de inclusão, com participação popular, de modo a realizar a utopia de ver todos dos brasileiros atendidos em suas necessidades básicas, como: alimentação, assistência de saúde, educação, trabalho com salário digno e aposentadoria que permita enfrentar as limitações da idade e para que as pessoas possam se despedir desse mundo agradecidas e não o maldizendo.
Segundo Leonardo Boff, “O povo Brasileiro tem um pacto com a esperança, com grandes sonhos e com a certeza de que se sente sempre acompanhado pelos santos e espíritos fortes a ponto de suspeitar que Deus é brasileiro. Isto é o que deve ser. E o que deve ser tem força invencível”.
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Histórico dos direitos humanos e a síndrome de Poliana
domingo, 16 de agosto de 2009
Além de cana, agora estão queimando trabalhadores
Etiqueta no Senado
Não faltava mais nada: esta semana assistimos, num misto de incredulidade e fascínio, ao senador Romeu Tuma ler no plenário um singelo manual de etiqueta, que ele próprio elaborou, convocando seus colegas a “observar regras de conduta”. Ou seja, a terem compostura e se portarem com um mínimo de civilidade e educação.
O manual tem oito pontos chave, e ao ler você pode pensar que ele está se dirigindo às mais violentas torcidas de times de futebol do país, a presidiários em revolta ou qualquer outro bando selvagem e de difícil controle. Nunca a senadores da República eleitos para legislar e ponderar sobre os rumos do país. Sem contar que são todos senhores de uma certa idade, e não adolescentes esquentados e descontrolados.
O “xerife”, como é conhecido o senador Tuma, pede que seus colegas não desacatem outros parlamentares, não usem palavras indecorosas e que procurem “manter atitude e posicionamento tranquilos e pacientes ao receber argumentos desfavoráveis”. Ou seja, que não gritem, não avancem um no outro e que não se chamem de “coronel de merda” como fez o senador Renan Calheiros, ao se dirigir ao seu coleguinha Tasso Jereissati. Isso sem contar a edificante imagem mostrada pela televisão do senador Fernando Collor de Mello entrando no carro e mandando o senador Pedro Simon para... aquela parte (que ele não teve tempo de explicitar pois a porta do carro foi fechada rapidamente, salvando o doce povo das Alagoas de um vexame ainda maior).
O pior de tudo é que parece que alguns deles, em vez de morrerem de vergonha do faroeste verbal, ainda se vangloriaram de que sua “macheza” no confronto com adversários tenha sido comemorada como prova de valentia e de bravura em suas zonas de influência eleitoral. Não acredito nisso, mas se for verdade, o quadro faz parte de um país que está com os dias contados.
O Brasil está se civilizando e breve, esperamos, não haverá lugar para esse tipo de comportamento nem no mundo político, nem em estádios de futebol, nem em lugar nenhum. Suas excelências, maneirem! E lembrem-se de que ninguém é chic se não for civilizado.
Escrito por Glória Kalil em 14/08/09
http://chic.ig.com.br/materias/514501-515000/514639/514639_1.html
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
Links recomendados
Proibido não conhecer o Jd. Ângela
Esse movimento teve impacto nas demais estatísticas criminais de delegacias próximas, responsáveis por outros bairros além do Jardim Ângela. No 100º Distrito Policial, de janeiro a julho deste ano, em comparação com o mesmo período de 2002, o índice de roubos, em geral, despencou em 52%; o de roubos de veículos caiu em 70%.
Depois que o Jardim Ângela foi considerado a região mais violenta do planeta, iniciou-se ali, em 1996, uma mobilização liderada pelo padre irlandês Jayme Crowne. Surgiu o Fórum de Defesa da Vida, que hoje aglutina 200 entidades. Dessa pressão, foram criadas ali cinco bases de policiamento comunitário. Como os policiais tinham de conviver com a população, ganharam confiança e receberam informações sobre quem eram e onde estavam os criminosos.
Conseguiu-se, nesse processo, combinar Polícia Militar, Polícia Civil e Guarda Municipal. Paralelamente à rede de proteção policial montou-se uma rede de proteção social, sempre envolvendo a teia de parcerias. Para trabalhar com ex-internos da Febem, agora em liberdade assistida, associaram-se prefeitura, Abrinq e Telefônica. Na sexta passada, aliás, cerca de mil funcionários da Telefônica foram ao Jardim Ângela para um mutirão de reformas de espaços coletivos.
Graças a esse tipo de mobilização, recuperaram-se praças, clubes e escolas. Ofereceram-se programas de esporte, atividades de complementação escolar, tratamento contra o abuso de drogas e álcool. Com um acordo envolvendo o Ministério Público, acertou-se a redução do horário de fechamento dos bares. A prefeitura ofereceu abrigos para crianças e proteção às famílias em situação de risco, além de um núcleo para combater a violência doméstica, CASA SOFIA.
Acrescentem-se aí as dezenas de milhares de bolsas de renda compostas por recursos municipais, estaduais e federais -por serem integradas, o valor das bolsas aumentou.
Nem de longe o Jardim Ângela virou um paraíso, muito pelo contrário. Está distante, muito distante, de ser o campeão mundial da violência, mas ainda continua bem acima da média brasileira da criminalidade. Jayme Crowne está preocupado, especialmente, com o número de jovens sem perspectivas educacionais ou profissionais. "Esse é o ovo da serpente", diz São no Brasil 7 milhões de jovens, entre 14 e 25 anos, que nem estudam nem trabalham. Isso mostra que temos duas bombas que se juntam -a dos jovens e a das metrópoles.
Mas o que eles estão construindo, em essência, é um software de gestão para áreas conflagradas, por englobar do policiamento à gravidez precoce, passando pelo tratamento de viciados e pela educação em tempo integral.
Contra o crime organizado, o que funciona é a sociedade organizada.
P.S. - Veja no site (www.dimenstein.com.br) um dossiê sobre o Jardim Ângela.
Texto de Gilberto Dimenstein na Folha de São Paulo 20/08/2006, publicado também em AMOR, ORDEM E PROGRESSO
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
"Histórico dos Direitos Humanos no Brasil" por José Damião Lima Trindade
domingo, 9 de agosto de 2009
Campanha Ficha Limpa
Campanha Ficha Limpa
O Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) e o Comitê 9840 Estadual - São Paulo convidam: Ato público em apoio à Campanha Ficha Limpa / "300 mil assinaturas em 30 dias"
Já temos um milhão de assinaturas; agora faltam apenas 300 mil. Até o dia 7 de setembro, vamos juntos obter estas assinaturas para que o Projeto de Lei de Iniciativa Popular sobre a Vida Pregressa dos Candidatos seja encaminhado ao Congresso Nacional. É a participação popular mudando a história do combate à corrupção eleitoral no Brasil! Contamos com a sua presença.Desde o ano passado estamos executando a Campanha Ficha Limpa, que apresentará ao Congresso Nacional o novo Projeto de Lei de iniciativa popular que trata da vida pregressa dos candidatos. Superamos muitas barreiras até atingir um milhão de assinaturas. Agora precisamos concluir nossas atividades de coleta, obtendo as 300 mil assinaturas que ainda faltam.
Para isso estamos convidando todas as organizações e redes que participam ou apóiam o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) para que centrem todos os seus esforços a fim de promoverem uma ampla coleta de assinaturas entre os dias 7 de agosto e 7 de setembro, remetendo todo o obtido ao Movimento até o dia 9 de setembro.
É a Etapa 300 em 30 da Campanha Ficha Limpa (300 mil assinaturas em 30 dias).
1. Coleta em espaços públicos e organizações sociais
Uma estratégia segura para obtenção de grande número de assinaturas consiste na visita a universidades, fábricas, CEFETs, igrejas etc. Visites esses lugares, deixe ali os formulários explicando os objetivos da campanha e marque data para voltar para recolher. Mas atenção: busque sempre alguém responsável por garantir a arrecadação das assinaturas, cobrando a devolução dos formulários. Se você só distribuir formulários sem que alguém fique responsável pela mobilização dificilmente conseguirá um número significativo de assinaturas.
Procure se articular com lideranças da comunidade tais como padres, pastores, lideranças comunitárias, dirigentes sindicais, diretores de escola, reitores, presidentes de diretórios e centros acadêmicos, membros da maçonaria, Rotary e Lions Club etc. São bons parceiros e pessoas capazes de mobilizar o apoio de que necessitamos.
2. Auxílio de lideranças políticas
Alguns prefeitos, vereadores e deputados já anunciaram apoio à campanha e estão coletando assinaturas. Procure as lideranças políticas do seu município sem fazer opção pelo partido A ou B. Quem quiser ajudar será sempre bem-vindo. Nossa luta é pela edificação de novos padrões éticos e não pela hegemonia de uma bandeira partidária. É claro que não vamos procurar pessoas de imagem associada à corrupção, mas a rigor elas dificilmente vão querer ajudar uma campanha que porá fim ao seu “reinado”. Eles são líderes e possuem diversos apoiadores. Se quiserem podem contribuir com muitas assinaturas. Conhecemos experiências de prefeitos que estão pedindo a todos que colaborem.
3. Organização de eventos
É sempre interessante participar de eventos com a coleta de assinaturas ou até mesmo organizá-los para esse fim.
No primeiro caso, podemos conversar com os organizadores de encontros, retiros, acampamentos religiosos, seminários e congressos, propondo-lhes a abertura de algum espaço para a divulgação da campanha. Depois é só coletar com os voluntários as assinaturas dos presentes ou pedir aos promotores do evento que se encarreguem dessa coleta.
Sobre a organização de eventos surgiram idéias de shows, partidas de futebol e até uma “feijoada da ficha limpa”, em que o ingresso seria certo número de assinaturas para a nossa campanha. Para organizar esses eventos é preciso contar com o apoio de organizações ou empresas que se predisponham a patrocinar as atividades. Depois é só distribuir antecipadamente os formulários da campanha, que devidamente preenchidos servirão como ingresso.
Fonte:Escola de Governo / Notícias / Campanha Ficha Limpa
http://www.escoladegoverno.org.br/index.php/noticias/197-campanha-ficha-limpa
Chico Whitaker fala sobre Campanha da Ficha Limpa
Chico Whitaker
Muitos se opõem à Campanha da Ficha Limpa por respeito ao principio da presunção de inocência. Acham que não se possa negar a inscrição, como candidatos a postos eletivos, a pessoas cuja sentença condenatória, por crime que tenham cometido, não tenha ainda sido revista na última instância de recurso possível (ou seja, não tenha ainda “trânsitado em julgado”).
Ora, o artigo escrito pelo Ministro Jorge Hage, da Controladoria Geral da União (publicado na Folha de São Paulo – Tendências e Debates – de 3 de julho de 2009) vem em boa hora mostrar a quantidade de recursos que podem ser interpostos, no Brasil, para postergar essa “decisão final”. Ele diz, nesse artigo:
Esperar o trânsito em julgado “quer dizer que se tem que esperar a interposição e o julgamento, pelo menos, dos seguintes recursos: um ou vários recursos em sentido estrito e um ou vários embargos declaratórios no primeiro grau; uma apelação após a sentença; um ou vários embargos declaratórios e um embargo infringente no tribunal de segundo grau; se houver alguma decisão do relator, mais alguns declaratórios e um agravo regimental; depois, vem o recurso especial (para o Superior Tribunal de Justiça) e o extraordinário (para o STF); se inadmitidos estes pelo Tribunal de Justiça (ou Tribunal Regional Federal) vem o agravo de instrumento para forçar a admissão, o qual será examinado pelo relator, de cuja decisão podem caber novos agravos regimentais e embargos declaratórios (que aliás cabem de cada uma das decisões antes mencionadas, e repetidas vezes da mesma, bastando que se diga que restou alguma dúvida ou omissão). Cansados? Pois nem falamos ainda nas dezenas de outros incidentes processuais que os bons advogados sabem suscitar, dentro ou fora das previsões legais expressas, alem dos hábeas corpus e mandados de segurança, em quaisquer das instâncias”.
Será que a sociedade está mesmo impedida - sem considerar que pessoas já condenadas que continuam “recorrendo” sejam “culpadas” - de tomar algumas precauções quando essas pessoas pretendem representar seus concidadãos em funções políticas?
*
Leia o artigo de Jorge Hage na íntegra ("Sobre Madoff, inveja e soluções") em: http://docs.google.com/View?id=dgx3c728
.
Fonte: CAMPANHA FICHA LIMPA São Paulo
http://campanhafichalimpasp.blogspot.co
sábado, 8 de agosto de 2009
Link para cartilha "Enfrentando os desafios da representação em espaços participativos"
Disponibilizamos para download a cartilha "Enfrentando os Desafios da Representação em Espaços Participativos". Organizado pelo Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), a publicação é resultado de pesquisas e discussões realizadas nos últimos anos em torno do tema da representação da sociedade civil em espaços participativos. A proposta foi fazer um material mais didático a partir destes resultados e discussões, que poderá ser usado em atividades formativas. Temos utilizado este material para formar multiplicadores, inclusive no curso de formação de multiplicadores em cidadania e direitos humanos. Boa leitura!
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Podemos comemorar os três anos da lei 11.340?
Neste 7 de agosto comemoramos mais um ano de vigência da lei 11.340, de lei Maria da Penha.
Devemos comemorar?
Podemos comemorar?
A sociedade avançou na defesa dos mais fracos?
A sociedade evoluiu na defesa e nos direitos da mulher?
As mulheres deixaram ser dependentes do homem?
As mulheres conseguem abandonar seus agressores?
As campanhas de divulgação dos direitos das mulheres chegaram às favelas?
As campanhas de divulgação dos direitos das mulheres chegaram às grã-finas, às socialites?
As faveladas analfabetas, as universitárias pobres e ricas e as dondocas valem valer seus direitos?
O homem agressor finalmente se convenceu que a mulher só merece carinho?
O homem teme a justiça definida na lei 11.340
O homem favelado e analfabeto tem medo da lei 11.340?
O homem rico e instruído tem medo da lei 11.340?
Quais os próximos passos para conquistarmos uma sociedade mais justa?
Quais os próximos passos para conquistarmos uma sociedade mais igualitária?
Quais os próximos passos para conquistarmos uma sociedade com mais AMOR?
Quais os próximos passos para conquistarmos uma sociedade com mais ORDEM?
Quais os próximos passos para conquistarmos uma sociedade com mais PROGRESSO?
Quais os próximos passos para que não precisemos mais de leis, pois todos e todas se respeitarão e juntos homens e mulheres possamos trilhar os caminhos do RESPEITO E DO AMOR MÚTUO
Texto José Geraldo da Silva